Durante o percurso da subida da “Praia” para o “Sítio” no ascensor da Nazaré podemos ouvir algumas conversas, alguns desabafos. Uma dessas conversas dava conta de que já nem caracóis se podem apanhar para fazer um lanche à maneira. Agora quem for apanhado com mais de um quilo de caracóis em plena apanha terá de pagar 250,00 € de multa. Fiquei na dúvida - quem a iria passar, quem se daria ao trabalho de andar a ver onde é que andavam a apanhar caracóis (?) - para logo chegar a uma conclusão, que não sei se será a correcta, mas acho que só possa ser GNR. Então, não têm mais nada que fazer? Será que os caracóis estão em vias de extinção?
Já com os “percebes” é a mesma coisa. A Polícia Marítima vai atrás do pequeno mariscador, como aqueles que vão ali para as pedras apanhar uns percebes para o lanchinho e, se te descuidares, se já tiveres mais de um quilo no saco, lá terás de te amanhar com um auto às costas!
Por este andar um dia destes nem às “Camarinhas” podemos ir (!) - ou será que também já é preciso uma licença especial e eu não sei?
Na esplanada do café por vezes ouvimos o que não queremos. As pessoas falam alto. Parecem fazer de propósito para os outros ouvirem as suas opiniões, criticas, enfim… os seus devaneios. Uma rapariga de vinte e tal anos contava a outra o que se tinha passado entre ela e uma mulher mais velha da sua família. Talvez fosse uma tia ou uma prima e deambulava por uma grande história da qual retive aquelas palavras:
– Um dia depois estive com ela e disse-lhe que lhe tinha telefonado três ou quatro vezes. Foi numa altura em que precisava de lhe falar e não hesitei em ligar-lhe. O telefone tocou, tocou, tocou… nada. Ninguém atendeu. Questionei-a por que raio não tinha atendido o telefone, se, se tinha passado alguma coisa para não ter ouvido o telefone tocar. Perguntei-lhe mesmo – não ouviste o telefone tocar? Tens de aumentar o tom?
– Oh. Não tinha saldo para te atender!
– Ah bom...!